DIÁRIO 20 ANOS

VÍDEO: seis anos depois, como está a família de Sandra Soares

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Marcelo Oliveira (Diário)

No fim da Avenida Sol Poente, na Vila Lorenzi, há uma pequena casa de material, com um puxadinho de madeira nos fundos e outro ao lado. As paredes com o reboco exposto, sem  pintura, são, hoje, a proteção contra o frio para quem, há seis anos, morava em um barraco sem banheiro, localizado do outro lado da mesma rua. A casa atual tem três pequenos quartos e abriga 11 pessoas: Sandra Soares, o marido, Gilson, e mais oito jovens, entre filhos e netos. Por trás do sorriso da dona de casa, há uma realidade dura: a falta de dinheiro para alimentar e dar conforto à família. Em 2015, uma reportagem do Diário mostrou que Sandra não tinha banheiro em casa. Depois da publicação, ela ganhou o material e construiu o  banheiro com ajuda de voluntários.


O que parecia ser o início de uma história de alegria, seguiu com o diagnóstico de um câncer agressivo e, se não bastasse, pouco tempo depois, uma enchente levou a casa embora. Hoje, aposentada em função da doença, Sandra paga a casa mensalmente com todo o valor da pensão que recebe. Espontânea e sorridente, ela não tem vergonha de falar sobre a situação. Pelo contrário, tem orgulho de tocar uma casa, cuidar das crianças e batalhar para viver da melhor forma possível.

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REALIDADE DIFÍCIL

Ao receber as cópias das três reportagens do Diário, feitas em 2015, Sandra não conseguiu segurar a emoção e as lágrimas. Ao relembrar os momentos difíceis, também não escondeu a alegria em ver as fotos impressas no jornal:
- Eu não tenho fotos das meninas pequenas. Naquela época, eu não tinha celular para registrar o crescimento delas. É muita emoção ver o quanto elas cresceram. Era uma época difícil, de fome. Mas com a reportagem, entraram pessoas incríveis na minha vida. Nós tomávamos banho de mangueira e era frio, como agora. A casa era de madeira, fechada com caixas de leite. Depois que saiu na mídia, as pessoas começaram a me trazer sacolão de comida, roupas.

A dona de casa faz questão de ressaltar a importância do jornal para ela e para a comunidade:

- Vocês foram meus anjos, na época, por contarem minha história. Eu não tinha nem telefone, redes sociais, eu não sabia nada. Com a ajuda do Diário, o povo pode ver a minha história, naquela vulnerabilidade que nem comida eu tinha direito. A minha vida mudou, porque consegui comprar essa casinha. Mas, a crise do passado voltou. Agora tenho casa e banheiro, mas não tenho leite para dar para meus filhos - lamenta. 

Receptiva, fez questão de mostrar à reportagem os cômodos, o banheiro com chuveiro quente e a cozinha que divide com as filhas Alice, 20 anos, Lais, 18, Karen, 12, Aline, 11, e Gabriele, 2, o filho Gabriel, de 7 anos, as netas Ágata e Sheron, e o esposo, que não tem emprego fixo.

- Hoje, a gente pode tomar banho, fazer as necessidades com dignidade, com conforto. Na cozinha, tenho uma mesa, que antes não tinha. E ali nos fundos tem um fogão à lenha, porque nem sempre tem dinheiro para o gás, então eu posso cozinhar o que tiver para oferecer para as crianças.

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Sandra fez questão de reunir a família para uma foto. Apesar das adversidades financeiras e da saúde debilitada, a dona de casa cria ainda cinco filhas, um filho e duas netas. Sua renda  mensal é totalmente destinada a pagar a casa. O marido Gilson é serviços gerais e não tem emprego fixo

Com os desafios, novos sonhos surgem para os filhos:

- Tenho uma TV pequena no meu quarto. Eles sentam no chão frio para ver. Nosso único celular não funciona fora da tomada. Mas queria muito uma televisão para eles e umas bonecas para as gurias brincarem - anseia.

Com olhos brilhando, a filha Lais, que está grávida, define o papel de Sandra como alicerce da família toda:
 Não tem outra pessoa no universo que eu escolheria para ser minha mãe. Ela é minha rainha, meu chão. Não tem outra pessoa que passe tanta força como ela passa para nós, para os amigos. Se você pedir ajuda para ela, ela simplesmente vai te ajudar, te ouvir, te dar o ombro, sem julgamento.

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"Lembro bem do dia em que conheci a Sandra e contei a história dela nas páginas do Diário. Já se passaram seis anos desde lá, mas, até hoje, carrego comigo um sentimento de dever cumprido. Contar as dificuldades que a Sandra e os filhos enfrentavam naquele rigoroso inverno de Santa Maria e ver que a matéria sensibilizou a comunidade a ajudá-los, foi muito gratificante. Vi e relatei diferentes histórias enquanto era repórter  do Diário, mas, sem dúvidas, ter contribuído com a melhoria da vida da Sandra e da família dela, não tem preço. É aquele tipo de reportagem que nos ajuda a compreender por que escolhemos essa profissão". 

A CAMPANHA

  • A iniciativa, que começou em 26 de junho, vai marcar as duas décadas de circulação do Diário: são 20 anos transformando vidas e mudando realidades
  • A cada mês, até chegar aos 20 anos, em 19 de junho de 2002, as páginas vão mostrar histórias de quem teve as trajetórias marcadas pelo Diário
  • São pessoas, empresas, projetos e sonhos que ocuparam as páginas do Diário e espaços que se transformaram a partir deles
  • É a comunidade dando testemunho do quanto um veículo de comunicação sério e comprometido com o interesse público contribui para o desenvolvimento da cidade e da região


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